04/09/2024
O Dilema da Mãe em Relação à Ausência do Pai na Vida do Filho.
A realidade de muitas mães que enfrentam a ausência do pai na vida de seus filhos é marcada por um misto de frustração, impotência e dor. Apesar dos esforços constantes para incentivar o vínculo paterno, muitas vezes não há como obrigar o pai a cumprir seu papel afetivo. Essa situação se torna ainda mais delicada quando a mãe observa o filho sentindo a falta do pai, ansiando por uma presença que, infelizmente, não se concretiza.
É comum acreditar que, após uma decisão judicial determinando a convivência regular do pai com o filho, como visitas quinzenais, a justiça possa assegurar o cumprimento dessa obrigação. No entanto, a realidade é bem diferente. Mesmo que o juiz determine o regime de convivência, o pai não pode ser forçado a ver o filho. Na prática, o que se observa com frequência é o desrespeito a essas determinações por parte de alguns pais, que simplesmente não comparecem aos encontros marcados.
Diante dessa situação, muitas mães se perguntam: o que o juiz pode fazer? Infelizmente, não há uma solução imediata ou punitiva eficaz. A prisão, por exemplo, não é uma medida cabível para forçar o pai a exercer seu papel. A lei brasileira não prevê a privação de liberdade por falta de convivência, ainda que essa ausência cause sofrimento e prejuízos emocionais à criança.
Não é justo que o peso de toda a responsabilidade emocional recaia sobre a mãe, mas é importante buscar estratégias para proteger a saúde mental do filho, especialmente quando ele é muito pequeno. Crianças em idade tenra ainda estão desenvolvendo sua compreensão do mundo e sua própria identidade. Portanto, o impacto da ausência de um dos pais pode ser significativo.
Quando o pai frequentemente promete buscar a criança e não cumpre, criando um ciclo de expectativas e frustrações, a mãe deve procurar minimizar os danos. Por exemplo, não crie expectativas desnecessárias no filho, evitando dizer que o pai virá, até ter certeza. Deixe a criança preparada, mas sem alimentar a expectativa de um encontro que pode não acontecer.
Ademais, é fundamental refletir se vale a pena forçar a convivência com um pai que demonstra desinteresse e irresponsabilidade. A mãe deve considerar se o esforço de promover esse vínculo é realmente benéfico. Afinal, um pai que não quer estar presente pode acabar prejudicando emocionalmente a criança, seja através de palavras duras, comportamentos negligentes ou até mesmo ações que possam causar algum tipo de dano psicológico ou físico. Forçar essa convivência pode não ser a melhor forma de garantir amor ao filho; o amor verdadeiro se constrói com respeito, cuidado e presença genuína, e não com imposições.
Proteger a saúde mental da criança é fundamental. Essas recomendações são especialmente importantes para crianças mais novas, que são mais vulneráveis emocionalmente. Considerar a inclusão da criança em acompanhamento psicológico pode ser uma medida eficaz. Um profissional de saúde mental pode ajudar a criança a lidar com sentimentos de rejeição, abandono e tristeza, proporcionando um espaço seguro para expressar suas emoções e construir resiliência.
É importante destacar que, se a ausência do pai gerar danos psicológicos significativos e mensuráveis na vida da criança, especialmente ao longo dos anos, existe a possibilidade de buscar reparação judicial no futuro.
Quando essa criança atinge a maioridade, ela pode entrar com uma ação de abandono afetivo com indenização por danos morais e materiais contra o pai, caso fique comprovado que a ausência paterna causou prejuízos concretos à sua saúde mental, emocional ou social.
Para que essa indenização seja possível, é necessário que existam provas robustas do impacto negativo da ausência do pai, como laudos psicológicos, relatórios de acompanhamento terapêutico e outros documentos que demonstrem claramente o sofrimento causado.
O acompanhamento psicológico contínuo pode não só ajudar a criança a lidar melhor com os sentimentos no presente, mas também servirá como evidência do dano sofrido, caso haja uma ação judicial futura.
Embora seja desolador perceber que não há como obrigar o pai a cumprir seu papel, a mãe pode e deve concentrar seus esforços na proteção emocional do filho.
A criação de expectativas realistas, o cuidado com a saúde mental e a tentativa de suavizar a situação com explicações adequadas à idade da criança são algumas das formas de minimizar o impacto da ausência paterna.
No futuro, caso a criança venha a sofrer prejuízos significativos devido à ausência do pai, existe a possibilidade de buscar reparação na justiça, uma alternativa que visa reconhecer o impacto emocional que a ausência paterna pode causar.
Contudo, é essencial que a mãe avalie se realmente deseja forçar uma convivência que pode ser mais prejudicial do que benéfica, lembrando sempre que o amor verdadeiro ao filho é aquele que busca seu bem-estar integral.